Denise Antão, da Unibes: suprir necessidades básicas

Joel Rechtman - Editor Executivo da TJ

Tribuna Judaica: Como a Unibes se estruturou para enfrentar esta pandemia?
Denise Zaclis Antão: A primeira coisa que passou na nossa cabeça: Precisamos providenciar para que nossos assistidos não fiquem sem ter suas necessidades básicas supridas. Diariamente, em períodos normais, servimos 5 mil refeições por dia e sabemos que a maioria depende de nós para alimentação. Então organizamos uma campanha para arrecadação de cestas básicas e em seguida kits de higiene, limpeza e máscaras e álcool em gel. A partir daí, começamos a assisti-los virtualmente e com visitas, quando necessário. Distribuímos kits de tricô com acompanhamento virtual aos nossos idosos, assim como disponibilizamos aulas de dança, entre outras atividades. Para as nossas crianças distribuímos material para fazerem atividades em geral, sempre com orientação de nossas equipes. Aqui vale um agradecimento especial à Diretoria e equipe Unibes e ao apoio dos nossos conselheiros.

TJ: O número de assistidos tem aumentado. Qual é a situação atual na nossa comunidade?
DZA: Sim, há uma nova procura para vários tipos de atendimento. Consultas psicológicas, advocatícias e solicitações de transferência de renda por exemplo. A comunidade tem empobrecido e com o aumento da expectativa de vida e o fato de o envelhecimento ter um alto custo, este problema tende a aumentar. É um grande desafio para a comunidade judaica em geral e para a Unibes em particular.

TJ: Célia Parnes, ex-presidente da Unibes, nos representa no Governo Estadual. Como está o relacionamento com a Prefeitura, Estado e o que a Unibes tem feito pela comunidade maior?
DZA: A Célia é um exemplo de sensibilidade com o Desenvolvimento Social. Tenho muito orgulho de ter trabalhado com ela na Unibes e, por este trabalho de excelência, ter sido convidada a assumir esta Secretaria de Estado. Acredito que o nosso Governador está muito feliz por tê-la em seu time. Temos vários convênios com a Prefeitura de S. Paulo através da Secretaria Municipal de Assistência Social e com a Secretaria da Educação na nossa creche. Nosso trabalho é uma referência em gestão de recursos e retorno à sociedade. Hoje atendemos aproximadamente 200 crianças na creche, 700 no contra turno escolar, 700 jovens na capacitação profissional, 2.500 famílias carentes do entorno do Bom Retiro no SASF (Serviço de Assistência Social à Família), 30 idosos no centro-dia, 70 idosos no núcleo de convivência e administramos duas instituições de longa permanência do idoso (ILPI) com 30 idosos em cada uma. A comunidade judaica pode ter muito orgulho pelo trabalho que fazemos também pela comunidade maior.

TJ: Surgiram diversas campanhas com o apoio de outras entidades. Como estas parcerias estão se desenvolvendo e qual é a mensagem para os doadores da Unibes?
DZA: Somos uma instituição que completa este ano 105 anos. Somos uma das maiores e mais respeitadas tanto pelo poder público, quanto pelo privado e pelas pessoas que conhecem nosso trabalho de excelência. Aqui, não faço um autoelogio. Tenho a honra de presidir uma instituição que tem em sua história uma liderança séria, que se renova de acordo com as demandas da sociedade e que respeita os valores da Justiça Social. Começamos com uma campanha para arrecadação de verba para cestas básicas internamente e fomos nos organizando para a distribuição. Aos poucos, institutos e empresas foram aderindo nossa campanha e conseguimos ser agentes multiplicadores. Até hoje, já contemplamos aproximadamente 8.500 famílias, tanto na comunidade judaica quanto na comunidade maior, com mais de 14 mil cestas distribuídas, assim como kits de higiene, limpeza, mascaras e álcool em gel. Dentro da comunidade, recebemos apoio do Hospital Israelita Albert Einstein, Fisesp, Hebraica, Chevra Kadisha, Divisão Feminina do Fundo Comunitário, Consulado e Embaixada de Israel, e fizemos uma parceria com o Ten Yad.

TJ: Os bazares da Unibes já estão funcionando? Como apoiar esta área?
DZA: As lojas do Bazar Unibes e nosso centro de distribuição ficaram três meses e meio fechados. Como o Bazar representa 20% do nosso orçamento, precisamos, agora que aos poucos estamos recomeçando nossas operações, correr atrás do prejuízo. Mas nossa equipe não parou, preparando nossas unidades com todas as regras do novo protocolo de operação. Todos os produtos recebidos ficam em quarentena e são higienizados antes de irem para as lojas. Precisamos continuar a receber doações de tudo. A Campanha “Drive-Thru Solidário”, que fizemos em parceria com a Hebraica, foi um sucesso assim como a Campanha do Agasalho em parceria com a Fisesp. A comunidade tem sido muito generosa e contamos com a recorrência desta generosidade para continuarmos nosso trabalho. Doe para o Unibes Bazar! Aceitamos qualquer tipo de doação em bom estado: móveis, utensílios, brinquedos, roupas, cobertores, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, e outros produtos que são destinados primeiramente às pessoas atendidas pela Unibes. O restante é vendido nas nossas 7 lojas e a receita das vendas é 100% usado na manutenção dos nossos projetos sociais. É só entrar no nosso site e agendar a retirada ou levar sua doação até a Unibes.

TJ: A Unibes Cultural revolucionou o cenário da cidade. Quais são os planos futuros?
DZA: Os centros culturais estão sofrendo impactos do isolamento social e estamos impossibilitados de realizar nossas atividades. Com a previsão de abertura apenas para o meio do segundo semestre e uma queda na nossa arrecadação, mais uma vez a Unibes Cultural está se revolucionando nesse cenário. Nosso espaço foi inteiramente remodelado com tecnologia live streaming, permitindo gerar conteúdos audiovisuais de qualidade para nossos parceiros, com equipe técnica, espaços multiusos e toda segurança que esse delicado momento exige. Estamos com uma plataforma digital bem desenvolvida e temos uma programação muito intensa de conteúdo, lives, cursos, shows. Continuamos com a esperança que vamos retomar nossas atividades em breve e com o apoio dos nossos parceiros, recuperar esse prejuízo e continuar a fazer a diferença na cidade de São Paulo.

TJ: Neste momento de fragilidade social, o apoio aos sobreviventes do Holocausto, que necessitam de ajuda, é essencial. Como está a parceria com a Claims Conference?
DZA: Somos os representantes oficiais no Brasil da Claims Conference, instituição voltada a melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes do Holocausto que se encontram em situação de vulnerabilidade. Continuamos a atender com todo o carinho, eficiência e cuidado os 230 sobreviventes, cujos rendimentos são insuficientes para suprir as suas necessidades.

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