Em uma lista publicada pela revista Newsweek em 6 de março de 2012, Tzipi Livni foi incluída entre as 150 mulheres mais poderosas do mundo, sendo a única israelense citada. A reportagem descreveu a ex-vice-primeira-ministra, ex-ministra da Justiça e das Relações Exteriores de Israel como “uma advogada conhecida por sua honestidade e integridade, líder do maior partido político do país, Kadima, e uma ativa defensora dos direitos das mulheres e dos gays”.
Em 2007, foi incluída na lista das 100 Pessoas mais Influentes do Mundo na revista Time; em 2006, a Forbes a considerou a 40ª mulher mais influente do mundo, em 2007 a 39ª e em 2008 a 52ª. Em Israel, é considerada ainda hoje a mulher mais poderosa desde Golda Meir.
A convite do Fundo Comunitário de São Paulo, Tzipi Livni esteve no Brasil e participou de um bate-papo com o jornalista Jaime Spitzcovsky. A noite foi aberta com mensagens de boas-vindas de Daniel Alaluf, diretor do Keren Hayesod para a América Latina, Espanha e Portugal, e Abrão Lowenthal, presidente do Fundo Comunitário SP.
Durante quase duas horas a convidada abordou temas relacionados à sua trajetória política, à vida familiar, às transformações no Oriente Médio a partir da assinatura dos acordos com os Emirados Árabes e o Marrocos, o conflito árabe-palestino, a instabilidade política atual de Israel e a ameaça que um Irã nuclear representa atualmente não só para o Estado Judeu, mas para o mundo.
Filha de membros do Irgun Zvai Leumi, de Menachem Begin, Tzipi Livni cresceu no seio de um ambiente político ultranacionalista. Seu pai foi chefe do Setor de Operações do grupo na luta contra o Mandato Britânico e pela criação do Estado de Israel, sendo eleito deputado depois pelos partidos Herut e Likud de 1974 a 1984. Lembrou, emocionada, que a cerimônia de casamento de seus pais foi a primeira realizada depois da fundação do Estado de Israel em maio de 1948.
Quando adolescente ela fez parte do Betar, braço juvenil do Sionismo Revisionista inspirado nos princípios de Ze’ev Jabotinsky. Durante décadas foi partidária de um Grande Israel que incluísse os territórios palestinos. Mas, já na vida política, sob a influência de Ariel Sharon, rendeu-se anos mais tarde à evidência de que a única maneira de Israel preservar seu caráter judaico e democrático seria renunciar a parte dos territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias de 1967.
Tem reiterado essa convicção em várias entrevistas, como o fez também no evento do Fundo Comunitário. “O povo de Israel tem o direito histórico e nacional à terra de Israel…é necessário que Israel permaneça um Estado Judeu. E para isso nós teremos que ceder parte da terra de Israel – para mantermos um Estado Judeu e democrático”. Para ela, o conflito entre Israel e palestinos só tem uma solução: dois estados separados. Sempre disposta ao diálogo, não abre mão de um princípio: o direito à existência do Estado de Israel na terra de seus antepassados. Este ponto é inegociável, como também seu direito de defesa.
Tzipi Livni tem uma posição muito clara também em relação ao Irã e ao acordo nuclear que envolve Estados Unidos e países europeus. Para ela, o perigo do regime iraniano possuir tecnologia e arsenal nuclear não se limita a um ataque a Israel ou à região, mas o apoio que o país dá ao terror e a real possibilidade de parte deste arsenal ser repassado aos grupos terroristas que atuam em todo o mundo. “Esta é a possibilidade que deve ser levada em consideração quando se analisa o acordo envolvendo o Irã”.
A relação de Israel com a diáspora foi outro ponto abordado durante a noite. Fundamental tanto para um quanto para o outro, ressaltou a necessidade de criar programas e projetos que aproximem cada vez mais os jovens de Israel utilizando de ferramentas como redes e mídias sociais e considerando o contexto no qual vivem e as influências às quais estão sujeitos. Para ela, “é essencial destacar os aspectos democráticos do Estado Judeu, a convivência entre as diferentes correntes do judaísmo, incentivar viagens de longa duração para que conheçam o país”.
Trajetória política
Depois de servir às Forças de Defesa de Israel (FDI), onde chegou à patente de tenente e de trabalhar no Mossad por dois anos, terminou seus estudos em Direito na Universidade Bar-Ilan. Entrou na vida política em 1996 com membro do Partido Likud. De 1999 a 2019 foi eleita seis vezes consecutivas para a Knesset, tendo ocupado mais cargos governamentais do que qualquer outra mulher na história israelense. Participou de várias rodadas de negociações com os palestinos, sendo considerada uma das mais talentosas diplomatas. Foi chefe da equipe israelense nas negociações com os palestinos em Annapólis, nos Estados Unidos, em 2008.
Em 1999 foi eleita deputada pelo Likud. Em 2001, com Ariel Sharon como primeiro-ministro, sua carreira ascendeu rapidamente. Foi ministra da Cooperação Regional, Habitação, Agricultura e Justiça. Acompanhou Sharon e Ehud Olmert quando estes fundaram o partido Kadima, em 2005, por discordar das posições ultranacionalistas do Likud. Com a vitória do Kadima nas eleições de 2006, acumulou também os cargos de ministra da Justiça e Relações Exteriores. Já era, então, a número três do partido. Com o afastamento de Sharon por motivos de saúde, tornou-se vice-primeira-ministra.
Durante sua passagem pelo Brasil, acompanhada pelo marido Naftali Spitzer, participou das comemorações dos 74 Anos de Independência de Israel promovidas pela Embaixada de Israel em Brasília e Consulado Geral de Israel em São Paulo, esteve em um bate-papo moderado por André Lajst, do StandWithUs Brasil, no C6 Bank, e visitou o Clube A Hebraica, o Museu Judaico de São Paulo, a Escola Beit Yaacov e o Hospital Israelita Albert Einstein, onde foi recebida calorosamente. TJ