Jornada Nacional de Educação Judaica

Desiree Suslick - Especial para a TJ

O encontro é sempre uma possibilidade de aprendizagem e troca. Para nós, que trabalhamos com educação judaica, é uma oportunidade muito importante para conhecermos novas práticas, ressignificarmos o nosso trabalho, trazer inovações e contribuição para o nosso dia a dia. Isso faz com que o nosso aluno fique mais motivado e que possamos apresentar coisas interessantes para a sala de aula”. Assim definiu o papel da Jornada Nacional de Educação Judaica, promovida em conjunto pela Conib, Agência Judaica para Israel e Ministério de Educação de Israel, Marli Raichel Ben Moshe, diretora da Área Judaica do Colégio Renascença.

E continuou: “Para os professores é uma oportunidade para que se reciclem e introduzam experiências que já foram testadas em outras escolas e que podem somar muito ao nosso trabalho dentro das nossas instituições. É, também, uma oportunidade para mostrar o que nós fazemos no nosso dia a dia, o que é muito importante”.

Voltada a profissionais da área de educação formal e complementar (incluindo movimentos juvenis), totalmente on line em função da pandemia, a Jornada contou com a participação de mais de 100 educadores de todo o Brasil e teve como tema “Os desafios da Educação no presente – De futuros possíveis a futuros desejáveis”.

Durante a abertura, Luiz Kignel, presidente da Fisesp e diretor da Conib, afirmou que “a educação tem que ser um projeto comunitário…sem ela não se passa o bastão para as novas gerações”. Amira Aharonovitz, CEO da Agência Judaica, ressaltou a importância de promover o intercâmbio com o Brasil. Merav Zarbib, responsável pela área de Desenvolvimento do Ministério de Educação de Israel, falou da relevância do evento e do intercâmbio entre profissionais de ambos os países, assim como Nestor Kirchuk, da Agência Judaica, frisou a importância da iniciativa.

A Jornada Nacional de Educação Judaica é uma nova versão do tradicional Encontro Nacional de Educação Judaica realizado pela Conib, com apoio da Agência Judaica de Israel, presencialmente, desde 2015. O evento de então era voltado para os presidentes das mantenedoras das instituições de ensino, diretores da Área Judaica, lideranças dos movimentos juvenis e coordenadores de projetos de educação complementar de todo o Brasil.

“No início de 2020, com a eclosão da pandemia da Covid 19, o evento foi cancelado por Israel. Com o decorrer dos meses, tornou-se evidente a necessidade de promover um evento, em novo formato, que atendesse às demandas dos profissionais das escolas diante dos novos desafios. E a resposta veio direto de Israel, com a proposta de um evento on line com uma maior participação da própria Agência Judaica e, pela primeira vez, do Ministério de Educação israelense. Uma real parceria que garantiu o alto nível do evento com a participação de profissionais israelenses”, explica Sérgio Napchan, diretor geral da Conib. A Jornada deste ano, destaca, diferentemente do Encontro do passado, incluiu os professores como público alvo.

Programação intensa

O primeiro dia da Jornada contou com a palestra “Tendências globais nas mudanças sociais, econômicas, ambientais, educacionais e políticas”, da futurista Íris Pinto. Ma Rivi Artsi, diretora da unidade de Pedagogia Orientada para o Futuro no Departamento de P&D, Escolas Experimentais e Inovações do Ministério da Educação de Israel e ex-desenvolvedora de modelos educacionais inovadores, falou sobre Pedagogia Orientada para o Amanhã – Seis diretrizes para o planejamento de programas de educação em referência ao futuro. Tal Sharir, diretora da Unidade de Regulação Dinâmica de escolas exclusivas do Departamento de P&D do Ministério da Educação de Israel, discorreu sobre “Como incentivar a inovação? Por que a inovação na pedagogia? Modelos e práticas escolares inovadoras”.

Como encerramento do primeiro dia, foram realizados grupos de atividades com os educadores Mariana Gottfried, Rafael Bronz e rabino Moti Begun seguidos de um exercício com Joice Niskier, especialista em Comunicação com foco no treinamento de líderes.

O segundo dia da Jornada foi dedicado à apresentação de projetos implantados em escolas israelenses que podem ser replicados em instituições educacionais na diáspora. As palestras de Edith Kimchi, que atua como consultora acadêmica do departamento de P&D do Ministério da Educação em Israel e do Departamento de Educação do Museu das Terras Bíblicas em Jerusalém, versaram sobre dois projetos distintos: “Start-Up Das Nações Bíblicas” e “Mera Merav Lieberman, coordenadora de conteúdo, responsável pela área de Desenvolvimento do Ministério da Educação de Israel, falou sobre “Olam Shalem”, plataforma baseada na web para ensino e aprendizagem, que busca conectar alunos com Jerusalém e expandir a abordagem sobre a cidade. A psicóloga, Doutora e Mestre em Educação: Psicologia da Educação na PUC – SP Raizel Rechtman discorreu sobre o “Papel da formação complementar na Educação Judaica”. Arik Mandelbaum, diretor de uma escola na qual está implementando sua visão pessoal de um aprendizado personalizado, falou sobre visões inovadoras dos papeis de educadores e alunos. Ele também discorreu sobre a conexão entre educação e fontes judaicas.

O evento encerrou com a participação inspirada do rapper Fabio Brazza, nome forte do hip-hop nacional que apresentou um poema e ainda fez um improviso com palavras deixadas pelos participantes.

Palavra dos participantes

“Os temas que foram trabalhados, embora não sejam novos, vieram com abordagens atuais e extremamente relevantes, principalmente se olharmos para um momento muito particular, onde as escolas e os educadores precisaram se reinventar para manter um ensino de qualidade e garantir o melhor para seus alunos, falando sobre ética, meio ambiente, economia e dando à educação seu real valor na construção do indivíduo, para um mundo que se transforma a cada dia. Muitas vezes, antigas práticas são renomeadas, mas a essência de olhar para um ser com potencial a ser desenvolvido e que está colocado nas mãos do educador, permanece”, Bia Aspis, coordenadora do Beit Sefer Shelanu, de Campinas.

“Para mim, o encontro com outros profissionais e atores comunitários envolvidos com educação judaica é um tempo formativo indispensável, em que podemos investir em debates e conversas mais profundas. Nos aproximamos e nos reconhecemos, e se fosse apenas isso já seria muito significativo. Neste ano, contudo, posso com toda a tranquilidade dizer que o programa e as discussões foram, também, muito interessantes e propositivas, e de todos os momentos saímos enquanto grupo com referências claras, seja a apropriação de certos conceitos ou sistemas teórico-científicos atuais, sejam os materiais apresentados e disponibilizados pelos palestrantes, que podem ser aproveitados e adaptados para ações em nossas instituições”, Marcos Gandelsman, Colégio Israelita Moysés Chvarts (Recife/PE), moré de Cultura Judaica e Hebraico e integrante da Equipe de Coordenação da escola.

“O evento foi maravilhoso. Contemplou múltiplas facetas da educação judaica com experientes educadores de Israel trazendo uma visão integrada, renovada e moderna do mundo atual através da relação escola e comunidade com perguntas como: o que e como queremos educar nossos alunos hoje em dia; como ressignificar a educação nesse momento de pandemia e como isso trouxe novas perspectivas. Muito, bacana, também, conhecer educadores israelenses preocupados com a educação dentro e fora de Israel”, Simone Lafer educadora e diretora-Sócio Cultural da Sociedade Israelita do Ceará.

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize

Powered by WP Bannerize