Nosso Novo Ano e seus Dias Intensos


Depois da Contabilidade da Alma (Cheshbon HaNefesh), que costumamos fazer no mês de Elul, justo o mês anterior à Rosh Hashaná, estamos prontos para viver os Iamim HaNoraim, os dez Dias Intensos de Rosh Hashaná a Yom Kipur.

Neste mundo que parece doente com a fome, guerras, desigualdade, antissionismo e a volta violenta do antissemitismo, podemos pedir e ansiar por um mundo melhor. Assim, o judaísmo, nesta época de Rosh Hashaná, traz a mensagem de esperança e vida.

Desde sempre, a fé dos hebreus nos estimulou a escolher a vida. É esta escolha pela vida que nos permite ver um horizonte mais ameno. A partir de uma honesta constatação dos erros do passado, buscamos o futuro melhor, o futuro de quem acredita no ato de viver e buscamos espalhar a justiça.

Nesta renovação espiritual, com sua demanda anual da contabilidade da alma, acessando nossa tomada de consciência, nossa responsabilidade e nossa contrição nos leva a um realinhamento para que ajamos de forma melhor no mundo. Existem valores básicos que devemos nos lembrar como compasso moral neste Novo Ano, para que busquemos de forma proativa criar um mundo melhor para todos.

Quando tocamos o shofar, nesta data tão primordial para nossa religião, estamos realizando esta mitzvá, pelo meio singelo e único do sopro da vida, sem mesmo a necessidade de palavras. Os dois dias de Rosh HaShaná são dias de alegria e congraçamento. Enviamos presentes para nossa família e amigos com mel e vinho, para brindarmos em conjunto nosso novo ano e para que tenhamos um ano doce.

As sinagogas se enchem de pessoas e temos a oportunidade de encontrar centenas de amigos que estarão rezando conosco para um ano melhor. Mesmo os judeus mais seculares abrem seus corações nestas datas e comparecem em nossos templos, pelo mundo afora, para cumprir este ritual de esperança.

Nosso respeito por esta data ignora fronteiras, conflitos e nossa alegria comunitária acende o coração de nossa comunidade global. Na data, desejamos que cada um e todos tenham um bom ano, com o cumprimento de Shaná Tová. Rezamos também para que sejamos inscritos no Livro da Vida. É em Rosh Hashaná que Deus decide nosso futuro. Quem viverá e quem não viverá.

Em Rosh Hashaná nosso destino é inscrito, e em Yom Kipur é selado: quantos irão falecer, e quantos nascerão; quem deve viver, e quem morrerá; quem em seu tempo, e quem antes do tempo; quem pelo fogo e quem pela água; quem pela espada e quem pela fera; quem pela fome e quem pela sede; quem pela tempestade e quem pela peste; quem engasgado e quem apedrejado… Quem descansará, e quem vagará; quem ficará tranquilo e quem será incomodado; quem ficará em paz e quem deverá sofrer; quem ficará pobre e quem se tornará rico; quem vai cair e quem se erguerá.

Quando rezamos Untaneh Tokef, embora imaginemos um destino já selado, aprendemos que pela opção pela vida, por uma vida dedicada a ações de justiça social nós poderemos reverter esta sina tão negativa.

Em Rosh Hashaná, nos damos conta da nova oportunidade de escrever nosso roteiro pessoal e do mundo, de uma forma que nos permita modificar condições tão adversas. De acordo com a tradição, mesmo com a sentença divina tendo sido declarada em Rosh Hashaná, há possibilidade de arrependimento até o Yom Kipur quando a sentença é definida.

Estes dez dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur são considerados dias nas quais procuramos reparar os erros cometidos. São os dias Asseret Yemei Teshuvá ou Dez Dias de Arrependimento ou Dias de Reverência, que são os dez dias incluindo Rosh Hashaná, Yom Kipur e os dias entre eles.

Então chega Yom Kipur, o Dia do Perdão. Em Kipur, deixamos toda a vaidade de lado para nos apresentarmos humildes diante de Deus. Pedimos perdão para Ele e que Ele seja piedoso conosco e anule nossas imperfeições.

Porém, só o que se pode anular, deter ou parar é o castigo; mas não o ato cometido; esse ato está aí e a única maneira de superá-lo é através de uma transcendental modificação da conduta pessoal posterior. Os atos são do homem, seguirão sendo dele, e a consequência, sua responsabilidade. O jejum – que acompanha todo o dia do perdão – por sua parte não faz milagre. O que faz é reconcentrar o homem em seu espírito, afastá-lo, por algumas horas, da servidão do homem ao corpo e a suas necessidades.

Esta é a data mais importante de nosso calendário e devemos respeitá-la como o mais sagrado dos dias. No final, com o toque de shofar, podemos nos sentir renovados, prestes a viver o ano com a intenção de alimentar nossa alma para que possamos ser um ser humano melhor.

Shaná Tová e G’mar Chatimá Tová!

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